A migração de moradores da capital para o interior, um movimento visto com força pelo mercado principalmente durante a pandemia, segue no radar dos investidores em 2022, mesmo após o início do retorno dos profissionais aos escritórios.
Dados do Secovi do começo do ano apontam que cresce o número de lançamentos imobiliários e vendas de casas usadas em cidades como Arujá, Jundiaí e Campinas, três das principais praças de interesse dos investidores.
Na opinião do vice-presidente do Interior do Secovi-SP, Frederico Marcondes César, essa resposta do mercado é sinal de que os investidores continuam fortemente interessados em migrar da capital para o interior.
“As pessoas optaram por morar em cidades em um raio de até 100 quilômetros da capital paulista”, afirma Marcondes César, que atribui esse movimento à busca por qualidade de vida, acesso fácil a rodovias e bons serviços oferecidos na maioria das cidades. “Mobilidade, vida segura e boas estradas contribuíram para esse crescimento”, diz.
Segundo ele, nos últimos 40 anos praticamente dobrou a população do interior: de 16,2 milhões para 32 milhões de habitantes. O vice-presidente do Secovi-SP disse ainda que cresceu o número de loteamentos também. “Entre 2012 e 2021, foram licenciados 550 loteamentos por ano em cidades do entorno da Capital”, contou.
Carolina Burg, especialista em mercado imobiliário, aponta que essa migração para cidades do interior também ocorreu em alguns estados norte-americanos, sugerindo que trata-se de uma tendência mundial envolvendo grandes cidades. “Essa é uma mudança de perspectiva que, acreditamos, está mais ligada a tudo que se viveu a partir da pandemia”, diz.
Leonardo Paz, que empreende no ramo, apresenta dados mostrando aumento das buscas em sites do ramo. “Em algumas cidades, como São José dos Campos, Bragança Paulista, Sorocaba, a busca duplicou”, revela.
“Há grande demanda por casas maiores, com quintal para as crianças e animais, em cidades com fácil acesso, boas escolas e estrutura de saúde”, revela o empresário.
Gustavo Costa, sócio-diretor de uma empresa de recolocação de executivos no mercado de trabalho, disse que mesmo após a volta ao trabalho presencial, ele vem se dando de maneira híbrida.
Com isso, ocorreu uma transformação do mercado de trabalho, com um movimento de migração destes profissionais em busca de qualidade de vida. “O trabalho remoto impulsionou a ida para o interior”, destacou, informando que, antes da pandemia, 30% dos executivos estavam dispostos a mudar de cidade e, agora, 50% manifestaram esse desejo.
Para Patricia Hulle, da Alphaville Urbanismo, essa migração está sendo motivada por comportamentos como a busca não só por qualidade de vida, mas também por maior segurança. Segundo ela, “o mercado no geral precisa adequar produtos que caibam no bolso, inclusive com a incorporação de home office e logística de entrega, por exemplo.”
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