Tão importante quanto encontrar os juros mais baixos em um financiamento imobiliário é optar pela forma mais adequada para pagar a unidade. As condições são determinadas pelo sistema de amortização do saldo devedor que vai fixado em contrato. E o comprador pode optar pela Tabela Price e pelo modelo SAC. Você sabe a diferença?  E qual é a melhor: Tabela Price ou SAC?

Primeiro, vamos aos detalhes. Há basicamente dois tipos de amortização oferecidos pelos bancos: a Tabela Price, também chamada de Sistema Francês de Amortização; e o SAC, Sistema de Amortização Constante. 

Ainda existe um terceiro modelo de amortização menos comum: o misto (ou mix), que basicamente é um meio-termo entre as tabelas Price e SAC (e as parcelas são literalmente a média do que seriam em cada tabela).

Existe um mito de que o SAC é o mais vantajoso porque ele cobra menos juros e vai resultar em um total da dívida inferior ao pago na Tabela Price. Isso é verdade.

Mas esse não é o único fator a ser considerado para a tomada de decisão entre os dois sistemas, segundo o professor de matemática financeira do Insper, José Dutra Vieira Sobrinho.

A resposta sobre qual a melhor opção, segundo o matemático, vai depender das condições financeiras do comprador no momento que está assumindo o financiamento, das pretensões de liquidação antecipada ou não da dívida, e até da sua capacidade de pagamento em relação à primeira parcela. 

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O que é a amortização?

Antes de entrarmos mais nas características de cada sistema de amortização, é preciso entender melhor do que se trata esse conceito.

De maneira geral, quando uma dívida é contraída, as parcelas pagas possuem duas finalidades:

  • A quitação da dívida principal, ou amortização;
  • A remuneração do credor pelo empréstimo, ou juros.

Imaginemos, por exemplo, que você contraia uma dívida de R$ 1 mil, para pagar em um ano, com juros de 1% ao mês. Após passar um mês, você terá um saldo devedor de R$ 1.010, correspondentes a R$ 1 mil do empréstimo + R$ 10 dos juros. Se você pagar uma parcela de R$ 100, por exemplo, R$ 10 custearão os juros e R$ 90 irão abater o principal, ou seja, amortizar a dívida, que cairá, no mês seguinte, para R$ 910.

Com a redução do valor principal devido, os juros de 1% ao mês agora serão de R$ 9,10 – e não mais de R$ 10. Portanto, quanto mais uma parcela amortiza, mais rápido a dívida principal diminui, abrindo espaço para juros menores e uma amortização mais intensa, acelerando o processo de quitação. Se grande parte da parcela vai para pagar juros, contudo, a dívida principal demora mais para ser paga.

No caso de um financiamento imobiliário, ainda podem haver taxas extras, como o seguro habitacional, o que vai cobrir a dívida em caso de morte ou invalidez do comprador, e a taxa de administração do contrato pelo banco.

Independentemente do sistema, contudo, são os juros que pesam de fato no bolso de quem financia. Por isso, é fundamental contar com um sistema que vasculha a melhor oferta do mercado para sua situação financeira.

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Tabela Price: prestação mais baixa no começo

“Na Tabela Price, o valor da prestação é mais baixo no começo do contrato se comparado ao do SAC”, diz Dutra Sobrinho. “E é mais baixo porque o comprador, embora comece pagando a mesma quantia de juros, amortiza um valor menor”, explica o professor. 

O saldo devedor vai caindo lentamente, porque a prestação é constante do começo ao término do contrato. Como o saldo cai mais lentamente, os juros a serem pagos também demoram mais para diminuir.

SAC: dívida cai mais rapidamente

Já no sistema SAC, “o valor da prestação é mais elevado no início, com a capacidade de amortizar uma parcela maior do saldo devedor a cada mês. Dessa forma, fica mais visível a queda da dívida”, pondera o especialista.

Como os juros são aplicados sobre um saldo devedor cada vez mais baixo, está aí a razão pela qual o total da dívida a ser paga é menor pelo SAC, esclarece ele. 

Ao longo do contrato, as prestações vão diminuindo. O efeito de amortização da dívida, no entanto, é constante. Veja mais detalhes no exemplo a seguir:

Simulação

Imagine um financiamento de R$ 500 mil, com taxa de juro de 9% ao ano, e pagamento em 20 anos (240 meses). Aqui, vamos desconsiderar taxas além dos juros e da amortização.

Observe o que acontece com a Tabela Price e a Tabela SAC no primeiro e no último ano do financiamento:

Simulação Tabela Price – Ano 1
ParcelaAmortização MensalJurosSaldo DevedorValor Parcela
1R$ 782,69R$ 3 603,50R$ 499 217,31R$ 4 386,19
2R$ 788,33R$ 3 597,86R$ 498 428,98R$ 4 386,19
3R$ 794,01R$ 3 592,18R$ 497 634,97R$ 4 386,19
4R$ 799,73R$ 3 586,46R$ 496 835,23R$ 4 386,19
5R$ 805,50R$ 3 580,69R$ 496 029,73R$ 4 386,19
6R$ 811,30R$ 3 574,89R$ 495 218,43R$ 4 386,19
7R$ 817,15R$ 3 569,04R$ 494 401,28R$ 4 386,19
8R$ 823,04R$ 3 563,15R$ 493 578,24R$ 4 386,19
9R$ 828,97R$ 3 557,22R$ 492 749,27R$ 4 386,19
10R$ 834,95R$ 3 551,24R$ 491 914,32R$ 4 386,19
11R$ 840,96R$ 3 545,23R$ 491 073,36R$ 4 386,19
12R$ 847,02R$ 3 539,17R$ 490 226,33R$ 4 386,19

Perceba que o valor da parcela (R$ 4.386.19) a ser pago não se altera, mas a composição da soma amortização e juros vai mudando, com os juros caindo ao longo do tempo, de maneira bem lenta.

Simulação Tabela SAC – Ano 1
ParcelaAmortização MensalJurosSaldo DevedorValor Parcela
1R$ 2083,33R$ 3603,50R$ 497.916,67R$ 5686,83
2R$ 2083,33R$ 3588,49R$ 495.833,33R$ 5671,82
3R$ 2083,33R$ 3573,47R$ 493.750,00R$ 5656,80
4R$ 2083,33R$ 3558,46R$ 491.666,67R$ 5641,79
5R$ 2083,33R$ 3543,44R$ 489.583,33R$ 5626,78
6R$ 2083,33R$ 3528,43R$ 487.500,00R$ 5611,76
7R$ 2083,33R$ 3513,41R$ 485.416,67R$ 5596,75
8R$ 2083,33R$ 3498,40R$ 483.333,33R$ 5581,73
9R$ 2083,33R$ 3483,38R$ 481.250,00R$ 5566,72
10R$ 2083,33R$ 3468,37R$ 479.166,67R$ 5551,70
11R$ 2083,33R$ 3453,35R$ 477.083,33R$ 5536,69
12R$ 2083,33R$ 3438,34R$ 475.000,00R$ 5521,67

Neste caso, a parcela diminui com o passar dos meses, mas o valor amortizado é sempre o mesmo. Como o principal cai, os juros também caem e, consequentemente, a parcela.

Perceba que, após um ano, o saldo devedor é de R$ 475 mil, contra R$ 490 mil da Tabela Price.

Simulação Tabela Price – Ano 20
ParcelaAmortização MensalJurosSaldo DevedorValor Parcela
229R$ 4 024,03R$ 362,16R$ 46 226,79R$ 4 386,19
230R$ 4 053,03R$ 333,16R$ 42 173,76R$ 4 386,19
231R$ 4 082,24R$ 303,95R$ 38 091,51R$ 4 386,19
232R$ 4 111,66R$ 274,53R$ 33 979,85R$ 4 386,19
233R$ 4 141,30R$ 244,89R$ 29 838,55R$ 4 386,19
234R$ 4 171,14R$ 215,05R$ 25 667,41R$ 4 386,19
235R$ 4 201,20R$ 184,99R$ 21 466,20R$ 4 386,19
236R$ 4 231,48R$ 154,71R$ 17 234,72R$ 4 386,19
237R$ 4 261,98R$ 124,21R$ 12 972,74R$ 4 386,19
238R$ 4 292,70R$ 93,49R$ 8 680,04R$ 4 386,19
239R$ 4 323,63R$ 62,56R$ 4 356,41R$ 4 386,19
240R$ 4 354,79R$ 31,40R$ 1,62R$ 4 386,19
TotalR$ 499 998,38R$ 552 687,22R$ 1 052 685,60

Já no fim do contrato, quando os juros estão baixos, praticamente todo o valor da Price vai para a amortização.

Perceba que o total amortizado equivale ao saldo financiado (R$ 500 mil aproximadamente) e os juros pagos ao longo do tempo (R$ 552 mil) superam esse saldo, totalizando um desembolso total de mais de R$ 1 milhão.

Simulação Tabela SAC – Ano 20
ParcelaAmortização MensalJurosSaldo DevedorValor Parcela
229R$ 2 083,33R$ 180,18R$ 22 916,67R$ 2 263,51
230R$ 2 083,33R$ 165,16R$ 20 833,33R$ 2 248,49
231R$ 2 083,33R$ 150,15R$ 18 750,00R$ 2 233,48
232R$ 2 083,33R$ 135,13R$ 16 666,67R$ 2 218,46
233R$ 2 083,33R$ 120,12R$ 14 583,33R$ 2 203,45
234R$ 2 083,33R$ 105,10R$ 12 500,00R$ 2 188,44
235R$ 2 083,33R$ 90,09R$ 10 416,67R$ 2 173,42
236R$ 2 083,33R$ 75,07R$ 8 333,33R$ 2 158,41
237R$ 2 083,33R$ 60,06R$ 6 250,00R$ 2 143,39
238R$ 2 083,33R$ 45,04R$ 4 166,67R$ 2 128,38
239R$ 2 083,33R$ 30,03R$ 2 083,33R$ 2 113,36
240R$ 2 083,33R$ 15,01R$ 0,00R$ 2 098,35
TotalR$ 500 000,00R$ 434 221,75R$ 934 221,75

Na SAC, a amortização final é a mesma (R$ 500 mil), mas os juros totais e o valor desembolsado é menor.

Mês a mês

Com o mesmo montante, prazo e taxa de juros, na Tabela Price a prestação do empréstimo de R$ 500 mil será de R$ 4.383,52 da primeira até a última prestação. 

No SAC, a prestação inicial será de R$ 5.683,33 e, a última, de R$ 2.098,33.

Conclusão

A partir dessas contas na ponta do lápis é possível concluir, por exemplo, que a Tabela Price, “embora resulte em valor mais alto a pagar, pode ser mais conveniente para quem não tem condições de arcar com um valor inicial mais alto da prestação”, aponta Dutra.

Para quem acaba “raspando o tacho” na hora de comprar um imóvel, cuja compra muitas vezes vem acompanhada de outras despesas, como mobília e casamento, por exemplo, a tabela Price, embora pague mais juros, pode ser importante no momento para desafogar o fluxo de caixa. Especialmente se o comprador tiver a previsão de obter receita para antecipar a amortização num futuro próximo.

Em algumas situações, não haverá nem mesmo a possibilidade de optar pelo SAC, se a prestação comprometer mais de 30% da renda mensal do comprador. Nesse caso, o banco não vai liberar financiamento pelo SAC, somente pela Tabela Price.

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No SAC, pagamento é decrescente 

Ao mesmo tempo, se a intenção for levar o contrato com pagamento regular até a última prestação, o mais indicado se torna o SAC, porque as prestações são decrescentes. Período que você será favorecido com prestações mais baixas.

Efeito nas prestações 

Comparando os dois sistemas, a partir das simulações, é possível concluir que a prestação no SAC, embora mais alta no início, passa a ser menor a partir da parcela 88, ou seja, depois de 7 anos e 3 meses de financiamento, em relação à prestação da Tabela Price. 

“Para quem tiver também condições financeiras de bancar uma prestação mais alta inicialmente, e não prevê aumento de sua renda ao longo do contrato, o SAC tende a ser a opção mais adequada”, afirma o professor.

Amortização

Acompanhe o efeito da prestação na redução da dívida pelos dois sistemas: no SAC, em todos os meses, a prestação vai amortizar o valor de R$ 2.083,33 do saldo devedor, do início ao fim do contrato. Por isso, o sistema tem o nome de “amortização constante”.

Já na Tabela Price, a primeira parcela vai amortizar R$ 783,52 do saldo devedor, uma parcela menor do saldo devedor. As amortizações serão crescentes, de forma que a última prestação vai reduzir R$ 4.352,19 do saldo devedor.

Pelos dois sistemas, o saldo devedor é zerado com o pagamento da última prestação.

Juros

Os juros que você paga no financiamento correspondem ao custo que o banco cobra por lhe emprestar o dinheiro.

Nos dois sistemas, veja que a parcela de juros da primeira prestação é idêntica, de R$ 3.600 pelos dois sistemas. Isso equivale a uma taxa de 0,72% ao mês ou a 9% ao ano. 

No entanto, a partir da segunda prestação os juros passam a cair mais rapidamente pelo SAC e pelo fato de ser aplicado sobre uma base menor do saldo devedor que teve uma amortização maior pelo SAC em comparação com a Tabela Price.

Perceba que, no SAC, na segunda prestação, os mesmos 0,72% de juros serão aplicados sobre um saldo devedor de R$ 497.916,67, o que resultará em uma fatia de juros de R$ 3.585,00. 

Na Tabela Price, onde a prestação amortizou menos, o saldo devedor é maior, de R$ 499.216,48, e a aplicação dos 0,72% vai resultar em juros de R$ 3.594,36.

Dessa forma fica mais fácil entender porque na Tabela Price a dívida é maior do que pelo SAC. Mas como ficou dito acima, depende da situação financeira e das pretensões de cada um para fazer a escolha acertada do sistema de amortização.

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Em alguns casos, inclusive, a dívida vira até opção, quando o comprador prefere investir o montante em algum negócio, por exemplo.

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