Comprar uma casa nova, para morar ou alugar, não é simples. Requer esforço, economias e, principalmente, inteligência financeira. Mas algumas dicas, de quem conhece do assunto, podem ajudar o consumidor. 

O QuintoAndar conversou com alguns gestores do mercado financeiro e preparou esse guia para te ajudar a montar uma carteira imobiliária, sonho de muita gente.

Qual o melhor tipo de investimento?

Quando o assunto é planejamento financeiro para a compra de imóvel, os investimentos em renda fixa aparecem como opções naturais, no topo da lista.

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Renda fixa é todo o tipo de investimento que você começa agora, sabendo quanto vai ter lá na frente. Um CBD, por exemplo, informa que, tanto tempo após a aplicação, ele vai render tantos por cento.

Selic em alta ajuda os conservadores

Indicado para aquele investidor que não gosta de muitas surpresas, a renda fixa vive um bom momento, especialmente agora que os juros estão elevados. 

A Selic, taxa básica de juros e que regula todas as aplicações do tipo, está acima de 10% ao ano. Ainda por cima, espera-se que vá subir ainda mais em 2022.

Um pouco de risco ajuda

Tanto pelo maior nível de segurança que sempre ofereceram como pela rentabilidade mais interessante que passaram a pagar, os investimentos em renda fixa têm mesmo muito a contribuir na formação de uma carteira que permita ou facilite a compra de uma casa ou um apartamento. 

Mas seria esse o único e melhor caminho para ter as chaves na mão? 

Especialistas do mercado financeiro acreditam que a diversificação é o mais indicado para melhores resultados, mas será preciso assumir algum risco. E aí é que entra a renda variável, com investimentos que flutuam para cima e para baixo. Se bem empregado, essa é uma forma de ampliar os rendimentos da carteira.

Prazo e proteção contra a inflação

Adriano Rondelli, head de Fundos Imobiliários na Valor Investimentos, considera que quanto maior for o prazo para a aquisição do imóvel, maior a possibilidade de mesclar e ousar na formação de uma carteira. Haverá tempo para recuperação de eventuais perdas no período.

Para quem planeja comprar um imóvel daqui a 10 anos, por exemplo, os especialistas recomendam alocar entre 70% a 80% dos investimentos no segmento de renda fixa. 

Para Rondelli, nesses casos, a sugestão de alocação é em papéis que reponham a inflação, como títulos de Tesouro IPCA, mantendo o poder de compra do dinheiro. Esses títulos têm condições de proporcionar uma taxa de juros real entre 1% e 2% ao ano. 

Rondelli diz que a valorização dos imóveis costuma seguir a inflação. Portanto, investimentos atrelados ao IPCA tendem a preservar o poder aquisitivo dos recursos também em relação ao imóvel pretendido.

CDBs

Além do Tesouro IPCA, mas ainda dentro do porto seguro da renda fixa, o especialista da Valor Investimentos destaca a possibilidade de obter uma remuneração mais atraente com papéis de prazos mais longos, como CDBs, de 3 ou 4 anos. 

Neles, o retorno poderá ser equivalente à variação do IPCA mais juros de 6% ano, considerando as condições atuais do mercado.

Títulos de dívida

Há, ainda, as opções em papéis de crédito, como debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), com rendimentos isentos do imposto de renda e, por isso, com a capacidade de pagar algo como IPCA mais juros de 7% a 8% ao ano.

Ao mesmo tempo, Rondelli lembra que por se tratar de crédito, existe o risco da inadimplência – calote da empresa que está tomando o financiamento para seus projetos. O que também poderá ser diluído, segundo ele, com a escolha de títulos considerados mais seguros, chamados pelo mercado de triple A (AAA), segundo classificação de agências de risco. 

E para arrematar o total entre 70% e 80% do que for poupado para essa carteira na renda fixa, Rondelli colocaria uma parcela em títulos atrelados a juros, como o Tesouro Selic. É uma forma de pegar carona nas altas dos juros.

Riscos de lado 

Daniela Mir Gelano, da Planejar, associação que certifica planejadores financeiros, defende o posicionamento na renda fixa de “todo o dinheiro a ser reservado para a compra do imóvel, especialmente para projetos de curto e médio prazo”.

Ela pondera que é um dinheiro que tem destino certo e, na maioria das vezes, data prevista para ser usado. “E se houver qualquer problema conjuntural que faça a bolsa cair justamente no ano em que o dinheiro terá de ser sacado, não se pode arriscar a realização de um projeto”, diz a planejadora.

No entanto, para prazos mais longos, como o de 10 anos, e em que não houver uma data exata para a compra, Daniela também considera a possibilidade de colocar uma parcela em renda variável, desde que o comprador tenha perfil para aceitar alguns riscos.

Embora mais arriscada, a renda variável poderá oferecer oportunidades de turbinar os rendimentos, com ganhos extras. 

Com um pé na renda variável

“O segredo está na diversificação”, diz Wilson Sorio Netto, especialista em Renda Variável da Blue3. Não há mágicas para obter um bom resultado. A receita simples de distribuir os recursos em renda fixa, renda variável e até com exposição ao exterior pode ser seguida pelo comprador.

Ele esclarece que a distribuição deve respeitar sempre o estilo do investidor. No entanto, os resultados costumam ser os mesmos: o mais conservador conseguirá proteger o dinheiro da inflação; o moderado, que aceita assumir algum grau de risco, terá condições de beliscar uma rentabilidade melhor; e o agressivo, que aceita mais risco, poderá obter os ganhos de mercado.

Nas escolhas, “será preciso abrir mão de alguma condição, ou a segurança, ou a liquidez, ou o retorno”, afirma o especialista da B3.

Faz sentido manter recursos na renda fixa na hora de montar uma carteira de investimentos para comprar um imóvel, reconhece Netto, mas o ganho diferenciado virá com a renda variável.

Mesmo nesse segmento de maiores oscilações, afirma ele, é possível reduzir os riscos, blindar operações com produtos estruturados em derivativos ou com ações de capital protegido. São instrumentos que de certa forma travam o investimento contra perdas, ao mesmo tempo em que são opções com mais oportunidades de bons retornos. 

“O investidor precisa estar preparado para entrar na renda variável, sem se assustar com a instabilidade do mercado”, afirma Sorio.

A opção por fundos imobiliários

Ainda na renda variável, tanto Rondelli como Netto indicam uma parcela aplicada em fundos imobiliários. 

Tanto porque a valorização dos imóveis ocorrida durante a formação da poupança poderá ser refletida no valor das cotas desses fundos, quanto pelos dividendos que são distribuídos e representam ganhos extras ao comprador.

Esses dividendos, decorrentes de aluguéis e resultados de negócios gerados nos empreendimentos financiados e são lastro dos fundos, também são livres de imposto de renda. São ganhos extras que vão acabar fazendo a diferença no resultado final.

Ainda que estejam na renda variável, Rondelli pontua que os fundos imobiliários apresentam a metade da volatilidade das ações. Ou dito de outra forma, os fundos imobiliários oferecem a metade dos riscos oferecidos pelas ações.

Ambos os especialistas também recomendam o acompanhamento de muito perto dos resultados da carteira, de modo a promover realocações de acordo com as mudanças de cenários no mercado financeiro. E isso vale tanto para o dinheiro que já está aplicado e quanto para os novos depósitos.

Comece a procurar seu próximo imóvel

Além da opção de montar uma carteira de investimentos para comprar um imóvel, você também pode optar pelo financiamento – caso não tenha tanto tempo de antecedência conforme falamos acima. 

Conheça quais são os tipos de financiamento imobiliário e conte com o QuintoAndar para te ajudar a encontrar a melhor opção para você. Aqui, você consegue saber logo de cara as estimativas dos custos da compra do seu novo lar, sem informações escondidas. 

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